sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Silêncio, o mundo precisa repousar!

Em dias que se falta luz com frequência, percebe-se o valor do silêncio e do descanso!

Recebi por e-mail e estou compartilhando!!!

Só um gênio para uma definição tão precisa:
- Fração de segundo é o tempo necessário entre a abertura do sinal e o som da buzina do carro dirigido por um idiota atrás de você.
É claro que estou falando de Millôr Fernandes, o mais temido pensador brasileiro vivo. Perfeito para os dias em que vivemos. Particularmente no trânsito, é esta a realidade que se nos apresenta com uma persistência exasperante. É dispensável, até, citar os “trios elétricos” boçais e exibicionistas que nos fazem tremer quando passam ao lado.
Como o mundo está barulhento!
Cultuo o silêncio, hoje, como a um artigo raro, uma bebida fina, suave, a ser sorvida em pequenos goles, quase que em feitio de oração. Preciosos são os momentos em que posso desfrutá-lo, mesmo sem nada fazer.
É no silêncio que podemos nos encantar com as coisas do mundo, se dele nos descuidamos deliberadamente no cotidiano intenso e arredio à delicadeza.
Que tal ler um poema tocante, embarcar num romance envolvente, ver um filme que nos fala de nós mesmos, humanos, e, em horas incertas e terrivelmente repetidas, desumanos, sem a indevida presença dos ruídos ásperos do lado de fora? A música (refiro-me à arte)? Esta já faz parte do silêncio.
Só ele nos propicia esses prazeres que teimamos em desdenhar, por pouco desejáveis à maioria. E ainda nos taz a ambiência perfeita, creio, para mirar nos olhos da pessoa amada sem que nada interfira nas palavras não ditas, apesar de “gritadas” lá de onde guardamos o que temos de melhor. Ver, com ternura, o sono sereno e sem temor do filho que dorme sem as nossas já pesadas memórias.
Sendo uma alma notívaga, tento umas tantas vezes aproveitar o silêncio da noite para auscultar e – quem sabe? – entender o que se passa ao redor. Otto Lara Rezende, numa das suas melhores novelas, “A testemunha silenciosa”, aponta os sons que nos são imperceptíveis no andar do dia: a casa, os móveis, tudo reclama a nossa atenção quando parece já não existir vida – apenas momentaneamente, é verdade – para além do nosso quarto.
Isso acontece naquela quadra em que tantos buscam fugir da própria companhia, que lhes pode parecer insuportável – o que acontece com todos nós. Estar “dentro” da realidade às vezes é doloroso. Eu bem sei e compreendo. Mas acredito que é possível encontrar no silêncio as cores do que há de mais belo na vida.
Suspeito que se aprendermos a contemplar o silêncio, talvez consigamos, enfim, ouvir estrelas.

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