terça-feira, 11 de março de 2014

Histórias, enigmas e quebra-cabeça

A filosofia zen é plena de histórias, enigmas, parábolas e paradoxos que pretendem “enredar” ou arejar a mente racional, liberando o aluno para novas formas de pensamento.
Uma dessas histórias fala de dois monges que, olhando para uma bandeira sacudida pelo vento, discutiam entre si. Um deles diz: “A bandeira está se mexendo.” O outro responde: “Não, é o vento que está se mexendo.” Um mestre que passava censura-os, dizendo: “São as suas mentes que se mexem”. Mesmo esta, afirmam os professores, não é a última palavra.
Os alunos nas fases mais avançadas recebem às vezes do professor um Koan sobre o qual devem meditar. Trata-se de enigmas que não podem ser compreendidos nem resolvidos pela razão. Dois exemplos disso são: “Qual é o som de um bater de palmas com uma só mão?” e “Mostre-me o teu rosto original antes de teres nascido”.
O efeito é confrontar o intelecto com uma barreira que nenhum tipo de pensamento lógico pode penetrar. Em vez disso, a introspecção pode resultar em reação nascida do momento imediato – um sorriso, um grito, a visão de gotas de chuva a escorrer por uma vidraça, por exemplo. A resposta será “desfazer” a pergunta. O problema reside no fato de ser chamado de problema.
A filosofia Zen ensina que a cada momento de introspecção o efeito estrangulador do eu pessoal sobre o modo de pensar do indivíduo é afrouxado, permitindo então o desenvolvimento de uma compreensão nova e mais profunda. Com essa compreensão, surge uma capacidade de viver em harmonia com o presente – sejam quais forem as circunstâncias – e um sentimento de “percorrer com leveza”, sem ligações fortes, o mundo cotidiano.


Dicionário de medicina natural, Reader´s Digest/Livros, Rio de Janeiro, 1997

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